O quinto episódio da série apresenta "Um Índio", de autoria de Caetano Veloso e presente no LP Bicho, lançado por ele em 1977 pela Philips.
Entretanto, a canção havia sido composta para a sua irmã, Maria Bethânia, que a incluiu no LP Doces Bárbaros, lançado um ano antes também pela Philips.
Segundo o próprio Caetano, a canção o deixara orgulhoso por ele ter unido na letra “o nome de Bruce Lee (...) rimando com Muhammad Ali, Peri, Filhos de Ghandi. Para mim, isso vale a música.”
"Um Índio" já recebeu diversas interpretações antropológicas, ufológicas, messiânicas, esotéricas etc. Neste programa, falamos um pouco disso tudo e apresentamos também as leituras de Ney Matogrosso, Milton Nascimento, Elba Ramalho, Margareth Menezes, Barão Vermelho, Riovolt, Zé Ramalho e Maria Gadú & Zahy Tentehar.
Letra
Um Índio (Caetano Veloso) Um índio descerá de uma estrela colorida, brilhante De uma estrela que virá numa velocidade estonteante E pousará no coração do Hemisfério Sul, na América, num claro instante
Depois de exterminada a última nação indígena E o espírito dos pássaros das fontes de água límpida Mais avançado que a mais avançada das mais avançadas das tecnologias
Virá Impávido que nem Muhammad Ali Virá que eu vi Apaixonadamente como Peri Virá que eu vi Tranquilo e infalível como Bruce Lee Virá que eu vi |
O axé do afoxé Filhos de Gandhi, virá Um índio preservado em pleno corpo físico Em todo sólido, todo gás e todo líquido Em átomos, palavras, alma, cor Em gesto, em cheiro, em sombra, em luz, em som magnífico Num ponto equidistante entre o Atlântico e o Pacífico Do objeto-sim resplandecente descerá o índio E as coisas que eu sei que ele dirá, fará Não sei dizer assim de um modo explícito
Virá (…)
E aquilo que nesse momento se revelará aos povos Surpreenderá a todos não por ser exótico Mas pelo fato de poder ter sempre estado oculto Quando terá sido o óbvio |