O programa, que volta a ter edições inéditas nesta semana, vai tratar dos diferentes aspectos da doença, que já tem pouco mais de um milhão de registros só neste ano. Na reportagem que abre a série, o professor da Unesp, Adriano Mondini, especialista em saúde pública, analisa o cenário atual e dá orientações de prevenção. Você vai conhecer também uma tecnologia que ajuda na identificação de focos do mosquito aedes aegypti, desenvolvida na Universidade de Brasília.
DENGUE – GRANDE REPORTAGEM (04/03/2024) – JANICE SATO
A Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) analisou os números preocupantes da dengue e afirmou que estados brasileiros já enfrentam uma epidemia da doença. O Brasil ultrapassou a marca de 1 milhão de casos em 2 meses com 1.038.475 casos prováveis da doença, com 258 mortes e outras 651 em investigação. A expectativa do Ministério da Saúde é de que, até dezembro, os casos quadripliquem com 4,2 milhões de registros previstos e o país termine o ano com o maior número de casos em 25 anos.
O biólogo Adriano Mondini, especialista em saúde pública, pesquisador da dengue e docente da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Unesp em Araraquara, alerta para alta acentuada no índice de casos e o cenário de combate à dengue no Estado de São Paulo. Especialistas consideram epidemia quando o número de infecções passa de 300 por cada 100 mil habitantes. Em comparação ao mesmo período de 2023, onde o número de casos prováveis era de quase 166 mil casos, houve um aumento de cerca de 294%, quase 4x mais.
A tecnologia é uma aliada no combate à epidemia. O software SisVetor integra o Projeto ArboControl, que se propõe a investigar o controle do vetor Aedes aegypti e das chamadas arboviroses dengue, zika e chikungunya. O projeto é coordenado pelo médico sanitarista Jonas Brant, professor do Departamento de Saúde Coletiva da UnB.
Outra recomendação importante é buscar cuidados médicos imediatos e realizar os exames para diagnóstico desde os primeiros sintomas para evitar agravamentos. Luciana Campos, médica infectologista e responsável técnica pela área de vacinas da unidade do Sabin em São José dos Campos/SP, fala sobre a importância da detecção precoce para um tratamento adequado e para evitar complicações e desfechos mais graves da doença. A empresa é uma das operadoras selecionadas pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) para participar do Projeto Cuidado Integral à Saúde.
A vacinação contra a dengue segue um calendário progressivo e enfrenta limitação no volume de doses disponíveis, como explica o médico infectologista, Alexandre Barbosa, coordenador científico da Sociedade Brasileira de Infectologia. A expectativa é que a vacinação alcance aproximadamente 500 cidades, o que equivale a cerca de 10% do total de municípios brasileiros. O Ministério da Saúde recebeu até o momento 1 milhão e 235 mil doses da vacina QDenga de um total de mais de 6,5 milhões de doses. Por causa desse quantitativo limitado, foi escolhido o público-alvo de 10 a 14 anos para a campanha, faixa etária que concentra o maior número de hospitalizações por dengue depois dos idosos, que não podem ser incluídos já que o imunizante recebeu o aval da Anvisa apenas até 60 anos.