Poema “Para sempre”, de Carlos Drummond de Andrade
(em Lição das coisas, 1962).
Por que Deus permite
que as mães vão-se embora?
Mãe não tem limite.
É tempo sem hora,
luz que não se apaga
quando sopra o vento
e chuva desaba,
veludo escondido
na pele enrugada,
água pura, ar puro,
puro pensamento.
Morrer acontece
com o que é breve e passa
sem deixar vestígio.
Mãe, na sua graça,
é eternidade.
Por que Deus se lembra
– mistério profundo –
de tirá-la um dia?
Fosse eu Rei do Mundo,
baixava uma lei:
mãe não morre nunca,
mãe ficará sempre
junto de seu filho
E ele, velho embora,
será pequenino
feito grão de milho.
Voz em off: As vozes femininas que você ouve todas as semanas em nossa emissora juntaram-se para declamar o poema “Para sempre”, de Carlos Drummond de Andrade. E para lembrar que as mães estão sempre conosco, pois são sinônimo de vida eterna.
Homenagem da Unesp FM a todas as mães do mundo.