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Programa 3: Pedro Abrunhosa (Letras)

 



Acima, a chamada para o Programa 3.



 



1) Lua (Viagens – 1994)



(Pedro Abrunhosa/Pedro Abrunhosa)



 



Mais um dia que acaba



e a cidade parece dormir,



da janela vejo a luz que bate no chão



e penso em te possuir.



Noite após noite, há já muito tempo,



saio sem saber para onde vou,



chamo por ti, na sombra das ruas,



mas só a lua sabe quem eu sou.



Lua, lua,



eu quero ver o teu brilhar,



lua, lua, lua,



Eu quero ver o teu sorrir.



 



Leva-me contigo,



mostra-me onde estás,



é que o pior castigo



é viver assim, sem luz nem paz,



sozinho com o peso do caminho



que se fez para trás...



Lua, eu quero ver o teu brilhar,



no luar, no luar.



 



Homens de chapéu e cigarros compridos



vagueiam pelas ruas com olhares cheios de nada,



mulheres meio despidas encostadas à parede



fazem-me sinais que finjo não entender.



Loucas são as noites, que passo sem dormir,



loucas são as noites.



Os bares estão fechados já não há onde beber,



este silêncio escuro não me deixa adormecer.



Loucas são as noites.



 



Refrão



 



Não há saudade sem regresso, não há noites sem



madrugada,



Ouço ao longe as guitarras, nas quais vou partir,



na névoa construo a minha estrada.



 



Loucas são as noites, que passo sem dormir,



loucas são as noites.



Loucas são as noites, que passo sem dormir,



loucas são as noites...



 



 



 



2) Se eu fosse um dia o teu olhar (Tempo – 1996)



(Pedro Abrunhosa/Pedro Abrunhosa)



 



Frio



O mar



Por entre o corpo



Fraco de lutar



Quente,



O chão



Onde te estendo



Onde te levo a razão.



Longa a noite



E só o sol



Quebra o silêncio,



Madrugada de cristal.



Leve, lento, nu, fiel



E este vento



Que te navega na pele.



 



Pede-me a paz



Dou-te o mundo



Louco, livre assim sou eu



(Um pouco +...)



Solta-te a voz lá do fundo,



Grita, mostra-me a cor do céu.



 



Se eu fosse um dia o teu olhar,



E tu as minhas mãos também,



se eu fosse um dia o respirar



E tu perfume de ninguém.



Se eu fosse um dia o teu olhar,



E tu as minhas mãos também,



se eu fosse um dia o respirar



E tu perfume de ninguém.



 



Sangue,



Ardente,



Fermenta e torna aos dedos de papel.



Luz,



Dormente,



Suavemente pinta o teu rosto a pincel.



Largo a espera,



E sigo o sul,



Perco a quimera



Meu anjo azul.



Fica, forte, sê amada,



Quero que saibas



Que ainda não te disse nada.



 



Pede-me a paz



Dou-te o mundo



Louco, livre assim sou eu



(Um pouco +...)



Solta-te a voz lá do fundo,



Grita, mostra-me a cor do céu.



 



Refrão



 



 



3) É difícil (Tempo – 1996)



(Pedro Abrunhosa/Pedro Abrunhosa)



 



Hoje acordei e senti-me sozinho



Um barco sem vela



Um corpo sem linho.



Amanheci e vesti-me de preto,



Um gesto cansado



O olhar do deserto.



 



Quando todos vão dormir



é + fácil desistir,



Quando a noite está a chegar



É difícil não chorar.



 



Eu não quero ser



a luz que já não sou,



Não quero ser o primeiro



Sou o tempo que acabou.



Eu não quero ser



As lágrimas que vês,



Não quero ser primeiro



Sou um barco nas marés.



 



Adormeci



Sem te ter a meu lado,



Um corpo sem alma



Guitarra sem fado.



Um sonho na noite



E olhei-me ao espelho,



Umas mãos de criança



Num rosto de velho.



 



Quando todos vão dormir



é + fácil desistir,



Quando a noite está a chegar



É difícil não chorar.



 



Refrão



 



Quando todos vão dormir



é + fácil desistir,



Quando a noite está a chegar



É difícil não chorar.



 



Refrão



 



 



4) Eu não sei quem te perdeu (Momento – 2002)



(Pedro Abrunhosa/Pedro Abrunhosa)



 



Quando veio,



Mostrou-me as mãos vazias,



As mãos como os meus dias,



Tão leves e banais.



E pediu-me



Que lhe levasse o medo,



Eu disse-lhe um segredo:



"Não partas nunca mais".



 



E dançou,



Rodou no chão molhado,



Num beijo apertado



De barco contra o cais.



 



E uma asa voa



A cada beijo teu,



Esta noite



Sou dono do céu,



E eu não sei quem te perdeu.



 



Abraçou-me



Como se abraça o tempo,



A vida num momento



Em gestos nunca iguais.



E parou,



Cantou contra o meu peito,



Num beijo imperfeito



Roubado nos umbrais.



 



E partiu,



Sem me dizer o nome,



Levando-me o perfume



De tantas noites mais.



 



E uma asa voa



A cada beijo teu,



Esta noite



Sou dono do céu,



E eu não sei quem te perdeu.



 



 



5) Momento, uma espécie de céu (Momento – 2002)



(Pedro Abrunhosa/Pedro Abrunhosa) – com Cat (Catarina Rocha)



 



Uma espécie de céu,



Um pedaço de mar,



Uma mão que doeu,



Um dia devagar.



Um Domingo perfeito,



Uma toalha no chão,



Um caminho cansado,



Um traço de avião.



 



Uma sombra sozinha,



Uma luz inquieta,



Um desvio na rua,



Uma voz de poeta.



 



Uma garrafa vazia,



Um cinzeiro apagado,



Um Hotel numa esquina,



Um sono acordado.



Um secreto adeus,



Um café a fechar,



Um aviso na porta,



Um bilhete no ar.



 



Uma praça aberta,



Uma rua perdida,



Uma noite encantada



Para o resto da vida.



 



Pedes-me o momento,



Agarras as palavras,



Escondes-te no tempo



Porque o tempo tem asas.



Levas a cidade



Solta no cabelo,



Perdes-te comigo



Porque o mundo é um momento.



 



Uma estrada infinita,



Um anúncio discreto,



Uma curva fechada,



Um poema deserto.



Uma cidade distante,



Um vestido molhado,



Uma chuva divina,



Um desejo apertado.



 



Uma noite esquecida,



Uma praia qualquer,



Um suspiro escondido



Numa pele de mulher.



 



Um encontro em segredo,



Uma duna ancorada,



Dois corpos despidos,



Abraçados no nada.



Uma estrela cadente,



Um olhar que se afasta,



Um choro escondido



Quando um beijo não basta.



 



Um semáforo aberto,



Um adeus para sempre,



Uma ferida que dói,



Não por fora, por dentro.



 



Pedes-me o momento,



Agarras as palavras,



Escondes-te no tempo



Porque o tempo tem asas.



Levas a cidade



Solta no cabelo,



Perdes-te comigo



Porque o mundo é um momento.



 



 



6) Pontes entre nós (Luz – 2007)



(Pedro Abrunhosa/Pedro Abrunhosa)



 



Eu tenho o tempo,



Tu tens o chão,



Tens as palavras



Entre a luz e a escuridão.



Eu tenho a noite,



E tu tens a dor,



Tens o silêncio



Que por dentro sei de cor.



 



E eu, e tu,



Perdidos e sós,



Amantes distantes,



Que nunca caiam as pontes entre nós.



 



Eu tenho o medo,



Tu tens a paz,



Tens a loucura



Que a manhã ainda te traz.



Eu tenho a terra,



Tu tens as mãos,



Tens o desejo



Que bata em nós um coração.



 



E eu, e tu,



Perdidos e sós,



Amantes distantes,



Que nunca caiam as pontes entre nós.



 



 



7) Fazer o que ainda não foi feito (Longe – 2010)



(Pedro Abrunhosa/Pedro Abrunhosa)



 



Sei que me vês



Quando os teus olhos me ignoram,



Quando por dentro eu sei que choram.



Sabes de mim,



Eu sou aquele que se esconde,



Sabe de ti sem saber onde,



Vamos fazer o que ainda não foi feito.



Trago-te em mim



Mesmo que chova no verão,



Queres dizer Sim, mas dizes: “Não”,



Vamos fazer o que ainda não foi feito.



 



Eu sou mais do que te invento,



Tu és um mundo com mundos por dentro



E temos tanto pra contar.



 



Vem esta noite,



Fomos tão longe a vida toda,



Somos um beijo que demora,



Porque amanhã é sempre tarde demais.



 



Eu sei que dói,



Sei como foi



Andares tão só por essa rua



As vozes que te chamam e tu na tua,



Esse teu corpo é o teu porto é o teu jeito,



Vamos fazer o que ainda não foi feito.



Sabes quem sou,



Para onde vou



A vida é curva,



Não uma linha,



As portas que se fecham e eu na minha,



A tua sombra é o lugar onde me deito,



Vamos fazer o que ainda não foi feito.



 



Eu sou mais do que te invento,



Tu és um mundo com mundos por dentro



E temos tanto pra contar.



 



Vem esta noite,



Fomos tão longe a vida toda,



Somos um beijo que demora,



Porque amanhã é sempre tarde demais.



 



Tens uma estrada,



Tenho uma mão cheia de nada,



Somos um todo imperfeito,



Tu és inteira e eu desfeito,



Vamos fazer o que ainda não foi feito.



 



Eu sou mais do que te invento,



Tu és um mundo com mundos por dentro



E temos tanto pr’a contar.



 



Vem esta noite,



Fomos tão longe a vida toda,



Somos um beijo que demora,



Porque amanhã é sempre tarde demais. (x2)



 



 



8) Para os braços da minha mãe (Contramão – 2013)



(Pedro Abrunhosa/Pedro Abrunhosa) – com Camané



 



Cheguei ao fundo da estrada



Duas léguas de nada



Não sei que força me mantém



 



É tão cinzenta a Alemanha



E a saudade tamanha



E o verão nunca mais vem



 



Quero ir para casa



Embarcar num golpe de asa



Pisar a terra em brasa



Que a noite já aí vem



 



Quero voltar



Para os braços da minha mãe



Quero voltar



Para os braços da minha mãe



 



Trouxe um pouco de terra



Cheira a pinheiro e a serra



Voam pombas



No beiral



 



Fiz vinte anos no chão



Na noite de Amsterdão



Comprei amor



Pelo jornal



 



Quero ir para casa



Embarcar num golpe de asa



Pisar a terra em brasa



Que a noite já aí vem



 



Quero voltar



Para os braços da minha mãe



Quero voltar



Para os braços da minha mãe



 



Vim em passo de bala



Um diploma na mala



Deixei o meu amor pra trás



 



Faz tanto frio em Paris



Sou já memória e raiz



Ninguém sai donde tem paz



 



Quero ir para casa



Embarcar num golpe de asa



Pisar a terra em brasa



Que a noite já aí vem



 



Quero voltar



Para os braços da minha mãe



Quero voltar



Para os braços da minha mãe



 



 



9) Não vás embora hoje (Espiritual – 2018)



(Pedro Abrunhosa/Pedro Abrunhosa) – com Elisa Rodrigues



 



Posso ter um mapa                 



E querer estar perdido,



Chegar em primeiro



E continuar vencido,



Correr o mundo inteiro



Sem nunca ter ido,



Não encontrar abrigo.       



 



Pode o céu arder                   



E não estar atento,                 



A noite chegar                     



Com um frio dentro,               



Nunca levantar,



Apesar do vento               



Se não voares comigo.



 



Abraça-me de terra



Com beijos de pecado,



Na Paz da tua guerra



Há balas que são de perdão



E tiros que mudam de lado.           



 



Não vás embora hoje,



A noite é um céu aberto,



Amarra as tuas velas de ouro



No meu peito.



 



Posso ter loucura



Com o coração,



Ver o horizonte



Preferir o chão,



Saber a resposta,



Não querer a razão,            



Se nunca é domingo.



 



Posso ter a arma



E não ter gatilho,



Disparar Amor                             



Sem fazer sarilho,                         



Escrever um drama



Que faça rastilho,



E ainda estar sozinho.



 



Abraça-me de terra



Com beijos de pecado,



Na Paz da tua guerra



Há balas que são de perdão



E tiros que mudam de lado.



 



Não vás embora hoje,



A noite é um céu aberto,



Amarra as tuas velas de ouro



No meu peito.



Não temos muito tempo



Pra fugir deste deserto,



Amarra as tuas velas de ouro



No meu peito. 



 



Pode a espada vir de frente



E o golpe ser de veludo,



De perdição.



Viver de um amor ausente,



Vir o barco de outro rumo,



Da Salvação.



 



Somos de um tempo diferente,



O teu verbo é o meu aprumo



De rendição.



 



Não vás embora hoje,



A noite é um céu aberto,



Amarra as tuas velas de ouro



No meu peito.



Não temos muito tempo



Pra fugir deste deserto,



Amarra as tuas velas de ouro



No meu peito.



 



 



10) Tudo o que eu te dou (Viagens – 1994)



(Pedro Abrunhosa/Pedro Abrunhosa)



 



Eu não sei



que + posso ser,



um dia rei,



outro dia sem comer.



Por vezes forte,



coragem de leão,



às vezes fraco,



assim é o coração.



 



Eu não sei,



que + te posso dar,



um dia jóias,



noutro dia o luar.



Gritos de dor,



gritos de prazer,



que um homem também chora



quando assim tem de ser.



 



Foram tantas as noites,



sem dormir.



Tantos quartos de hotel,



amar e partir.



Promessas perdidas



escritas no ar,



e logo ali eu sei...



 



Tudo o que eu te dou,



tu me dás a mim.



Tudo o que eu sonhei,



tu serás assim.



Tudo o que eu te dou,



tu me dás a mim,



tudo o que eu te dou.



 



Sentado na poltrona



beijas-me a pele morena



fazes aqueles truques



que aprendeste no cinema.



+, peço-te eu,



já me sinto a viajar.



Pára, recomeça,



faz-me acreditar.



 



Não, dizes tu



E o teu olhar mentiu.



Enrolados pelo chão



no abraço que se viu.



É madrugada



ou é alucinação,



estrelas de mil cores



extasy ou paixão.



Hmm, esse odor



traz tanta saudade.



Mata-me de amor



ou dá-me liberdade.



Deixa-me voar,



cantar, adormecer.



 



Tudo o que eu te dou,



tu me dás a mim.



Tudo o que eu sonhei,



tu serás assim.



Tudo o que eu te dou,



tu me dás a mim,



tudo o que eu te dou.


Áudio