Acima, a chamada para o Programa 5.
1) Problema de expressão – Clã (Kazoo – 1997)
Letra: Carlos Monteiro / Música: Hélder Goncalves
Só pra dizer que te amo
Nem sempre encontro o melhor termo
Nem sempre escolho o melhor modo
Devia ser como no cinema
A língua inglesa fica sempre bem
E nunca atraiçoa ninguém
O teu mundo está tão perto do meu
E o que digo está tão longe
Como o mar está do céu
Só pra dizer que te Amo
Não sei por que este embaraço
Que mais parece que só te estimo
E até nos momentos em que digo que não quero
E o que sinto por ti são coisas confusas
E até parece que estou a mentir
As palavras custam a sair
Não digo o que estou a sentir
Digo o contrário do que estou a sentir
O teu mundo está tão perto do meu
E o que digo está tão longe
Como o mar está do céu
E é tão difícil dizer amor
É bem melhor dizê-lo a cantar
Por isso esta noite, fiz esta canção
Para resolver o meu problema de expressão
Pra ficar mais perto, bem mais de perto
Ficar mais perto, bem mais de perto
2) O sopro do coração – Clã (Lustro – 2000)
Letra: Sérgio Godinho; Música: Hélder Gonçalves
Sim, o amor é vão
É certo e sabido
Mas então (porque não) porque sopra ao ouvido
O sopro do coração
Se o amor é vão
Mera dor, mero gozo
Sorvedouro caprichoso
No sopro do coração
No sopro do coração
Mas nisto o vento sopra doido
E o que foi do corpo num turbilhão
Sopra doido
E o que foi do corpo alado nas asas do turbilhão
Nisto já nem de ar precisas
Só meras brisas,
Raras, raras, raras
Corto em dois, limão
Chego ao ouvido
Ao frescor, ao barulho
A acidez do mergulho
No sangue do coração
Pulsar em vão
É bem dele
É bem isso
E apesar disso eriça a pele
No sopro do coração
No sopro do coração
Mas nisto o vento sopra doido
E o que foi do corpo num turbilhão
Sopra doido
E o que foi do corpo alado nas asas do turbilhão
Nisto já nem de ar precisas
Só meras brisas,
Raras, raras, raras
No sopro do coração
Sim, o amor é vão
Todo o amor é vão
Mas nisto o vento sopra doido
E o que foi do corpo num turbilhão
Sopra doido
E o que foi do corpo alado nas asas do turbilhão
Nisto já nem de ar precisas
Só meras brisas raras
Sopra doido
E o que foi do corpo alado nas asas do turbilhão
Nisto já nem de ar precisas
Só meras brisas raras,
Raras, brisas raras
3) Movimento Perpétuo Associativo – Deolinda (Canção ao Lado – 2008)
Letra e Música de Pedro da Silva Martins
Agora sim, damos a volta a isto!
Agora sim, há pernas para andar!
Agora sim, eu sinto o optimismo!
Vamos em frente, ninguém nos vai parar!
-Agora não, que é hora do almoço...
-Agora não, que é hora do jantar...
-Agora não, que eu acho que não posso...
-Amanhã vou trabalhar...
Agora sim, temos a força toda!
Agora sim, há fé neste querer!
Agora sim, só vejo gente boa!
Vamos em frente e havemos de vencer!
-Agora não, que me dói a barriga...
-Agora não, dizem que vai chover...
-Agora não, que joga o Benfica...
e eu tenho mais que fazer...
Agora sim, cantamos com vontade!
Agora sim, eu sinto a união!
Agora sim, já ouço a liberdade!
Vamos em frente, e é esta a direcção!
-Agora não, que falta um impresso...
-Agora não, que o meu pai não quer...
-Agora não, que há engarrafamentos...
-Vão sem mim, que eu vou lá ter...
4) Um contra o outro – Deolinda (Dois selos e um carimbo – 2010)
Letra e Música de Pedro da Silva Martins
Anda, desliga o cabo,
que liga a vida, a esse jogo,
joga comigo, um jogo novo,
com duas vidas, um contra o outro.
Já não basta,
esta luta contra o tempo,
este tempo que perdemos,
a tentar vencer alguém.
Ao fim ao cabo,
o que é dado como um ganho,
vai-se a ver desperdiçamos,
sem nada dar a ninguém.
Anda, faz uma pausa,
encosta o carro,
sai da corrida,
larga essa guerra,
que a tua meta,
está deste lado,
da tua vida.
Muda de nível,
sai do estado invisível,
põe o modo compatível,
com a minha condição,
que a tua vida,
é real e repetida,
dá-te mais que o impossível,
se me deres a tua mão.
Sai de casa e vem comigo para a rua,
vem, q'essa vida que tens,
por mais vidas que tu ganhes,
é a tua que,
mais perde se não vens.
Sai de casa e vem comigo para a rua,
vem, q'essa vida que tens,
por mais vidas que tu ganhes,
é a tua que,
mais perde se não vens.
Anda, mostra o que vales,
tu nesse jogo,
vales tão pouco,
troca de vício,
por outro novo,
que o desafio,
é corpo a corpo.
Escolhe a arma,
a estratégia que não falhe,
o lado forte da batalha,
põe no máximo o poder.
Dou-te a vantagem, tu com tudo, eu sem nada,
que mesmo assim, desarmada, vou-te ensinar a perder.
Sai de casa e vem comigo para a rua,
vem, q'essa vida que tens,
por mais vidas que tu ganhes,
é a tua que,
mais perde se não vens.
Sai de casa e vem comigo para a rua,
vem, q'essa vida que tens,
por mais vidas que tu ganhes,
é a tua que,
mais perde se não vens.
Sai de casa e vem comigo para a rua,
vem, q'essa vida que tens,
por mais vidas que tu ganhes,
é a tua que,
mais perde se não vens.
Sai de casa e vem comigo para a rua,
vem, q'essa vida que tens,
por mais vidas que tu ganhes,
é a tua que,
mais perde se não vens.
Sai de casa e vem comigo para a rua,
vem, q'essa vida que tens,
por mais vidas que tu ganhes,
é a tua que,
mais perde se não vens.
5) Competência para amar – Clã (Rosa Carne – 2004)
Letra: Carlos Tê; Música: Hélder Gonçalves
Vieste comigo
Nesse jeito pós-moderno
De não querer saber nada
De não fazer perguntas
Essa pose cansada
Tão despida de emoção
De quem já viu tudo
E tudo é uma imensa
Repetição
Não fosse a minha competência para amar
E nunca teriamos acontecido
Num mundo de competências
E técnicas de ponta
A dádiva da fala
Quase já não conta
depois quase ias embora
Desse modo
Evanescente
Não soubesse eu ver-te
Tão transparente
E teria sido apenas
O encontro acidental
Uma simples vertigem
Dumb desporto radical
Não fosse a minha competência para amar
E nunca teriamos acontecido
Num mundo de competências
E técnicas de ponta
A dádiva da fala
Quase já não conta.
6) Loja do Mestre Hermeto – Clã (Disco Voador – 2011)
Letra: Carlos Tê; Música: Hélder Gonçalves
a loja do mestre Hermeto
tem a forma dum coreto
ele usa búzios do mar
com zumbidos de insecto
junta guizos de embalar
ao som do martelo-pilão
e assim ele faz
assim faz a percussão
a loja do mestre Hermeto
tem ao balcão um cigano
tocando a sua guitarra
tem a cauda dum piano
em cima duma fanfarra
tudo junto em sintonia
assim faz a harmonia
anda, vem daí
vem daí, vou-te levar
à loja do mestre Hermeto
anda, vou-te levar
na loja do mestre Hermeto
há o canto dum riacho
um compasso corredor
há um galho contrabaixo
há um canário tenor
é quem mais se desafia
um canário tenor
disputando a melodia
vem daí vais-te passar
tu nem vais acreditar
à loja do mestre Hermeto
vão doutores e analfabetos
na lógica do mestre Hermeto
a música não tem classe
é uma casa de passe
onde se passam carretos
7) Se uma onda invertesse a marcha – Deolinda (Dois selos e um carimbo – 2010)
Letra e Música de Pedro da Silva Martins
Se uma onda invertesse a marcha
e contrariasse toda a maré
E a maré revolta a Lua mudasse
e fosse a Terra o seu invés
Eu era multada
por ir em frente na auto-estrada
para chegar ao filme no fim
Com a pressa inversa
de ao teu lado ficar sentada
a desfazer aquilo que fiz
Se ao contrário compreendesse
aquele mau filme que não escolhi
E em reverso nunca saísse
do nosso enredo como saí
Eu então deixava
a minha mão aonde estava
inversamente avessa a ti
E ao tocá-la,
a tua mão rebobinava
esse teu corpo de volta a mim
E o início era o fim...
8) Parva que sou – Deolinda (Deolinda ao Vivo no Coliseu dos Recreios – 2011)
Letra e Música de Pedro da Silva Martins
Sou da geração sem remuneração
E nem me incomoda esta condição.
Que parva que eu sou!
Porque isto está mau e vai continuar,
Já é uma sorte eu poder estagiar.
Que parva que eu sou!
E fico a pensar,
Que mundo tão parvo
Onde para ser escravo é preciso estudar.
Sou da geração 'casinha dos pais',
Se já tenho tudo, para quê querer mais?
Que parva que eu sou!
Filhos, marido, estou sempre a adiar
E ainda me falta o carro pagar,
Que parva que eu sou!
E fico a pensar
Que mundo tão parvo
Onde para ser escravo é preciso estudar.
Sou da geração 'vou queixar-me para quê?'
Há alguém bem pior do que eu na tv.
Que parva que eu sou!
Sou da geração 'eu já não posso mais!'
Que esta situação dura há tempo demais
E parva não sou!
E fico a pensar,
Que mundo tão parvo
Onde para ser escravo é preciso estudar.
9) A paz não te cai bem – Clã (Corrente – 2014)
Letra: John Ulhoa; Música: Hélder Gonçalves
Se o amor faz sofrer
Se a paixão faz doer
O que o ódio fará?
Não soube o que dizer
Magoei sem querer
Mas não queres perdoar
Discutiste, insististe
E pior, não me ouviste
Nem me viste chorar
E eu cedi, concordei,
Admiti que errei
Mas só queres guerrear
E eu sei
Não tem fim
Não queres a paz que
trago em mim
Não, não...
Argumentos que ferem
Silêncios torturam
Gestos são letais
E afinal, pra quê mais?
Concordar jamais
Mesmo que eu diga sim
E eu sei
Não tem fim
Não queres a paz que trago em mim
Vi também
Que a paz em ti
Não fica bem
Não, não...
E eu vou
Vou desandar daqui
Antes que o céu decida
Desabar sobre mim
Eu sei
Não tem fim
Não queres a paz que trago em mim
Vi também
Que a paz em ti
Não fica bem
Não tem fim
Tu não queres a paz que trago em mim
Sei também
Que a paz em ti não fica bem
Não, não…
10) No Baile das Bambolinas – Clã (Fã – 2017)
Letra: Regina Guimarães; Música: Hélder Gonçalves
Varanda sem Julieta
Quartelada sem Romeu
Cena gaga, cena preta
Quem aqui está não sou eu
Cada vez que canto mudo
escuto o desenho da luz
canto para ser mudada
o escuro não me seduz
Boneca de som
vestida de mil cortinas
no baile das bambolinas
A luz tem a sua mesa
a cena tem uma boca
ribalta mas não baixeza
no palco posso ser louca
Ao grão da voz junto o tom
ao refrão dores de barriga
e junto o som ao frisson
do medo faço cantiga
Boneca de som
vestida de mil cortinas
no baile das bambolinas
Acho que tanto me faz
ficar na cauda das vendas
ser cabeça de cartaz
ou buraco nas agendas
Bichinho de camarim
a aranha desce da teia
todas as vozes em mim
se alimentam de plateia
Boneca de som
vestida de mil cortinas
no baile das bambolinas
Qual é a casa qual é ela
que torre que tem fosso
microfones de lapela
e microfones de rosto
Que tem pano para mangas
e cortina de veludo
estrelas feitas de missangas
e céu de anjinho papudo
Que casa é mais do que minha
e embora a ninguém pertença
eu lá sinto-me rainha
tão pequena e tão imensa
Boneca de som
vestida de mil cortinas
no baile das bambolinas
11) Semáforo da João XXI – Deolinda (Mundo Pequenino – 2013)
Letra e Música de Pedro da Silva Martins
Sentada no puff
Ela relia Proust
Ele fazia bluff no bridge
Ela ouvia Bach
Ele curtia The Clash
Entre os dois não havia clique
Ela fazia step
Ele comia num snack
Ela citava o Brecht, ele, nicles
Ela vestia Dior
Ele, uns ténis Reebok
Entre os dois não havia clique
Ela ia ao Lux
E bebia uma flûte
E ele, de Super Bock num strip
Ela morava num loft
Ele orientava um spot
Entre os dois não havia clique
Mas um dia um querubim
Veio a Terra e fez plim
Num sinal da João XXI
E assim sem haver nenhum clique
Entre os dois houve carinhosamente
Entre os dois houve apaixonadamente
Entre os dois houve apenas e somente
Buumm!
12) Corzinha de verão – Deolinda (Outras Histórias – 2016)
Letra e Música de Pedro da Silva Martins
Por que é que o sol nunca brilha quando fico de férias
Aos fins de semana ou nos meus dias de folga?
Eu passo os dias a ver gente em fato de banho
Calções e havaiana e eu sempre de camisola
E eu andei o ano inteiro, a juntar o meu dinheiro
Para esta desilusão
Dava todo o meu ouro por um pouco do teu bronze
Uma corzinha de verão
Vento, eu na praia a levar com vento
A rogar pragas e a culpar são pedro
Que mal fiz eu ao céu?
E tento, juro que tento imaginar bom tempo
Espalho o protetor solar e estendo o corpo no museu
Por que é que tudo conspira contra a minha vontade?
Sim, sim é verdade, não estou a ser pessimista
É que a vizinha da cave é sempre a mais bronzeada
Traz um sorriso na cara e não sabe quem foi kandinsky
E eu andei o ano inteiro, a juntar o meu dinheiro
Para esta desilusão
Dava todo o meu ouro por um pouco do teu bronze
Uma corzinha de verão
Vento, eu na praia a levar com vento
A rogar pragas e a culpar são pedro
Que mal fiz eu ao céu?
E tento, juro que tento imaginar bom tempo
Espalho o protetor solar e estendo o corpo no museu
E tento, juro que tento imaginar bom tempo
Espalho o protetor solar e estendo o corpo no museu
O corpo no museu