ABRAÇOS ADIADOS – Relatos de profissionais da saúde na linha de frente à Covid-19. Caso Hospital Estadual de Bauru
A pandemia provocou uma pausa na nossa rotina e aparente normalidade nas relações de trabalho. Mudou a nossa forma de perceber o mundo e incentivou a refletir sobre o que realmente é primordial na nossa vida. Para os profissionais da saúde, primordial é salvar vidas. No Hospital Estadual de Bauru, referência em tratamento da covid-19 nos 38 municípios da região, os funcionários relataram medo e pânico nos primeiros dias de trabalho, quando começou a pandemia no Brasil. A oficial administrativa Micheli de Oliveira Ramires foi chamada pela supervisora de enfermagem para trabalhar na área covid e a primeira reação foi de negação.
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A técnica de enfermagem Tamires Mileide de Paula Gonçalves comenta que a maior dificuldade na rotina de trabalho é lidar com a rápida evolução da doença.
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Os profissionais de saúde receberam homenagens aplausos na janela; mas por dentro, eles lidavam com medo, angústia sofrimento por ter de deixar de abraçar seu filho, seus pais idosos para cuidar de outras famílias acometidas por esse novo vírus como explica a técnica de enfermagem Camila Montefusco Prado. Para ela, um dos desafios é lidar com casos de pacientes mais novos que chegam em estado grave.
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Estamos mais vulneráveis coletivamente diante do desconhecido, mas encontrar um sentido para a experiência atual é uma das lições aprendidas. Samuel Crispim da Silva, coordenador das equipes de enfermagem das UTIs do Hospital Estadual de Bauru; ele lembra um dos casos mais marcantes durante a pandemia, uma mulher que tinha acabado de ter o bebê, contraiu a covid e sofreu parada cardiorespiratória.
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A limpeza é um outro fator chave para garantir um ambiente hospitalar seguro. Risiane Coelho Macedo, auxiliar de limpeza, está há 9 meses no cargo e também teve receio de trabalhar nas UTIs, mas ganhou a compreensão e apoio da família para exercer sua função.
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O sociólogo Domenico de Masi defende que o coronavírus está nos ensinando que para satisfazer as necessidades radicais não precisamos ter dinheiro, mas ter sentido de humanidade como é a mensagem que a psicóloga Bruna Meira Misson, uma das responsáveis pelas visitais virtuais, leva consigo nas rotinas de trabalho.
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E viver o presente para muitas pessoas pode ser a esperança de ouvir aplausos no corredor do hospital como sinal de que venceu a covid-19 e poder ir embora para casa.
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