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Programas » Música Portuguesa Hoje

Programa 11: O Pop Português II (Letras)

publicado em 14/03/2020

 

Acima, a chamada para o programa 11.

 

1) Sinto em Mim – Mler Ife Dada

Autor: Nuno Rebelo

 

Vento sinto em mim

Sussurar

O sopro do mar.

 

Frio sinto em mim

Aquecer

Meu entardecer.

 

Medo sinto em mim

De sentir

Palavras mentir.

 

Ânsia sinto em mim

De viver

O mundo a correr.

 

Vida sinto em mim

Acordar

Na rua dançar.

 

Dança sinto em mim

Seu vibrar

Guitarra cantar.

 

Fogo sinto em mim

aparecer

teu corpo aquecer.

 

Sede sinto em mim

De beber

Teu sangue a arder.

 

Sangue sinto em mim

A ferver

Nas veias correr.

 

Força sinto em mim

A rasgar

Meu peito gritar.

 

Alma sinto em mim

P'ra cantar

Um grito no ar.

 

Fúria sinto em mim.

Flechas sinto em mim.

Mágoa sinto em mim.

 

Risos sinto em mim.

Força sinto em mim.

Horas sinto em mim.

 

Lobos sinto em mim.

Corvos sinto em mim.

Garras sinto em mim.

 

Morte sinto em mim.

 

 

 

2) Eastern Streets – Pop Dell’Arte

Autor: João Peste

 

 

3)  Subida aos céus – Três Tristes Tigres

Autores: Alain Clavier, Brigitte Fontaine

Versão: Regina Guimarães

 

quero ser amada só por mim

e não por andar enfeitada

ser adorada mesmo assim

careca, nua, descarnada

 

engano de alma ledo e cego

ó linda inês posta em sossego imortal

 

com perfumes a presa é facil

com jóias casacos de peles.

gosto do amor quando é difícil

e cheira ao meu hálito reles.

 

quero ser amada á flor da pele

não quero peles de vison,

amada pelo sabor a mel

a não pela côr do batôn.

 

engano de alma ledo e cego

ó linda inês posta em sossego imortal

 

com cabeleira a presa é facil

há quem se esconda atrás dos pêlos

gosto do amor quando é difícil

de ser amada sem cabelos.

 

quero que me beijem a caveira

e o meu ossinho parietal

que se afoguem na banheira

pelo meu belo occipital

 

engano de alma lego e cego

ó linda inês posta em sossego imortal

 

com carne viva a presa é facil

é ordinário e absoleto

gosto do amor quando é dificil

quando me aquecem o esqueleto

 

quero ser amada pela morte

pelos meus ossos de luar

quero que os cães da minha côrte

passem as noites a ladrar

 

engano de alma ledo e cego

ó linda inês posta em sossego imortal

 

sobe aos céus.

sobe aos céus.

sobe aos céus.

 

 

4) Carta – Toranja

Autor: Tiago Bettencourt

 

Não falei contigo com medo que

os montes e vales que me achas,

caíssem a teus pés.

 

Acredito e entendo que

a estabilidade lógica

de quem não quer explodir,

faça bem ao escudo que és.

 

Saudade é o ar que

vou sugando e aceitando,

como fruto de Verão dos

jardins do teu beijo.

 

Mas sinto que

sabes que sentes que

também num dia maior,

serás trapézio sem rede a

pairar sobre o mundo,

e em tudo o que vejo.

 

É que hoje acordei e

lembrei-me, sou mago feiticeiro,

e que a minha bola de cristal é

folha de papel.

 

E nela te pinto nua.

Nua, numa chama minha e tua.

 

Desconfio que ainda não reparaste

que o teu destino foi inventado

por gira-discos estragados

aos quais te vais moldando.

 

E que todo o teu planeamento

estratégico de sincronização do

coração são mais como paredes e

tectos, cujos vidros vais pisando.

 

Anseio o dia em que acordaste

por cima de todos os teus números,

raízes quadradas de somas subtraídas,

sempre com a mesma solução.

 

Não podias deixar de fazer da vida

um ciclo vicioso,

harmonioso ao teu gesto mimado e 'a

palma da tua mão.

 

É que hoje acordei e

lembrei-me, sou mago feiticeiro,

e que a minha bola de cristal é

folha de papel.

 

E nela te pinto nua.

Nua, numa chama minha e tua.

Numa chama minha e tua.

 

Desculpa se te fiz fogo e noite

sem pedir autorização por escrito,

ao sindicato dos Deuses,

mas não fui eu que te escolhi.

 

Desculpa se te usei como refúgio

dos meus sentidos, pedaço de

silêncios perdidos que voltei a

encontrar em ti.

 

É que hoje acordei e

lembrei-me, sou mago feiticeiro.

E nela te pinto nua.

 

Nua, numa chama minha e tua.

Numa chama minha e tua.

 

Ainda magoas alguém.

O tiro passou-me ao lado.

Ainda magoas alguém.

 

Se não te deste a ninguém,

magoaste alguém.

A mim, passou-me ao lado.

A mim, passou-me ao lado.

 

 

5) Só é fogo se queimar – Amor Electro

Autor: Tiago Pais Dias

 

Mais uma promessa

Mais um dia a duvidar

Mais outro remendo à pressa

Mais uma forma de te procurar

A saudade não da tréguas

Pede um sopro de ar

Para em mágoas repousar

Se eu falar talvez tu negues

Me chames a dançar

Sinta o corpo a voar

 

Só é dor se for vontade

De agarrar

Só é fogo se queimar

Só é felicidade enquanto durar

Só é fogo se queimar

 

Só mais um momento

Lamento muito tempo

Tanto tempo a mais

Mais que um sentimento

Mais que o segredo

Ainda é cedo

A verdade mora a léguas

Faz cambalear

Tem, tem grades a penar

Se eu falar talvez tu negues

Me chames a dançar

Sinto o corpo a voar

 

Só é dor se for vontade

De agarrar

Só é fogo se queimar

Só é felicidade enquanto durar

Só é fogo se queimar

 

6) Busy for me – Áurea

Autores: João Pedro Matos; Ricardo Ferreira; Rui Ribeiro

 

I tried to call you

But you didn't answer the phone

I tried to pick you up

But you didn't come along

I tried to talk to you

But you didn't even answer me

I tried to reach you

But you're so high up above

 

Oh baby

 

I try every day

I cry every night

For a second of your time

But you're so busy for me

You don't care for my plea

So I cry, cry, cry, cry

 

Oh, I tried to tease you

But you didn't even care

I tried to love you

But your heart closed it's doors

 

Oh baby

 

I try every day

I cry every night

For a second of your time

But you're so busy for me

You don't care for my plea

So I cry, cry, cry, cry

 

So you didn't come along

You didn't answer

You didn't care

You closed your heart for me

 

Oh (I tried to call you, pick up the phone)

You're so busy

 

 

 

7) 80.nada – A garota não

Autora: A garota não (Cátia Oliveira)

 

Não quero a tua coroa, Portugal

Nem incendiar o teu tribunal

Nasci no tempo errado

Recibo verde é pior que mau olhado

 

Já passo dos trinta

E a máquina sempre me finta

Ser independente

É nunca chegar a ser gente

 

Sistema indeciso

Viver entre o choro e o riso

Circo lindo e triste

Coração magoado e em riste

 

Não há contrato, não há férias no verão

E a complacência faz a fortuna do patrão

As horas extra não aumentam o salário

Subtraem à vida, grande vínculo vigário

Iva e retenção... ser pessoa a prestação

Segurança social

Pode o bem saber tão mal?

Proteção? não sei o significado

Mas em compensação sei o que é diferenciado

E o silêncio que se faz tira-me o sono e a paz

Desde quando temporário é sinónimo de otário?

 

Precariedade

Inspiras tristeza

Aos dias mais leves

Que eu pudesse ter

E aos meus olhos cobres de cinzento

Os muros com cravos

Que cresci a ver

 

Precariedade

Inspiras tristeza

Aos dias mais leves

Que eu pudesse ter

E aos meus olhos cobres de cinzento

Os muros com cravos

Que cresci a ver

 

Precariedade

Inspiras tristeza

Aos dias mais leves

Que eu pudesse ter

E aos meus olhos cobres de cinzento

Os muros com cravos

Que cresci a ver

 

 

8) Avião de papel – Carolina Deslandes (com Rui Veloso)

Autora: Carolina Deslandes

 

Amor, o mundo quebra-te os sonhos

Às vezes cai-te todo nos ombros

Eu levanto-o inteiro por ti

Eu viro cavaleiro por ti

 

Amor, o mundo deixa-te ao frio

Às vezes larga-te no vazio

Eu pinto-o de todas as cores por ti

Eu viro Leonardo Davinci por ti

 

Fiz-te um avião de papel

Daqueles das cartas de amor

Para voarmos nele quando o mundo é cruel

E não há espaço que chegue para a dor

 

Fiz-te um avião de papel

Daqueles dos quantos queres

Para voarmos daqui em lua de mel

Pra te levar para onde quiseres

 

Amor, o mundo tira-te o ar

Chega a proibir-te de dançar

Eu danço as musicas todas por ti

Eu viro bailarino por ti

 

Amor, o mundo fez-te mulher

Mais cedo do que tinha que ser

Eu faço o tempo voltar por ti

Eu viro super-homem por ti

 

Fiz-te um avião de papel

Daqueles das cartas de amor

Para voarmos nele

Quando o mundo é cruel

 

E não há espaço que chegue para a dor

Fiz-te um avião de papel

Daqueles dos quantos queres

Para voarmos daqui em lua de mel

 

Pra te levar para onde quiseres

Fiz-te um avião de papel (pois fiz)

Daqueles das cartas de amor

Para voarmos nele

 

Quando o mundo é cruel

E não há espaço que chegue para a dor

Fiz-te um avião de papel (fiz-te um avião)

Daqueles dos quantos queres

 

Para voarmos daqui em lua de mel

Pra te levar para onde quiseres

Quiseres

Pra te levar, amor

Pra te levar

Para onde quiseres

 

 

9) Nos Desenhos Animados – Os Azeitonas

Autor: Miguel Araújo

 

Eu quero a sorte de um cartoon

Nas manhãs da RTP1

És o meu Tom Sawyer

E o meu Huckleberry Finn

E vens de mascarilha e espadachim

Lá em cima, há planetas sem fim

Tu és o meu super-herói

Sem tirar o chapéu de cowboy

Com o teu galeão e uma garrafa de rum

Eu era tua e de mais nenhum

Um por todos e todos por um

 

Nos desenhos animados

Eu já conheço o fim

O bem abre caminho

A golpe de espadachim

E o príncipe encantado

Volta sempre para mim

 

Eu sou a Jane e tu Tarzan

A Julieta do meu Dartagnan

Se o teu cavalo falasse

Tinha tanto para contar

Ao fantasma debaixo dos meus lençóis

Dos tesouros que escondemos dos espanhóis

 

Nos desenhos animados

Eu já conheço o fim

O bem abre caminho

A golpe de espadachim

E o príncipe encantado

Volta sempre para mim

 

Quando chegar o final

Já podemos mudar de canal

Nos desenhos animados

É raro chover

E nunca, quase nunca acaba mal

 

 

10) Tudo sobre nós – D.A.M.A

Autores: Miguel Coimbra / Miguel Cristovinho

 

Eu dava tudo pra poder ter mais uma chance

De te sentir, de te ver e de te ter no meu alcance

Para onde foste? Onde estás? Para onde vais?

Fazes parte do céu, do mar ou de sinais?

 

Aceito e sei, o teu mundo não é este

Foste embora mas no fundo, eu sei, tu não me esqueceste, não

Eu não descanso de sentir-te respirar

Pois sufoco de te ouvir e não te poder tocar

 

Será que és tu quem me sussurra num vazio bem fundo?

E me aconchega no frio do inverno enquanto durmo

Vem comigo, eu sei que ainda estás na minha voz

Eu vou contar-te as novidades, tudo sobre nós

 

Tudo sobre nós

Tudo sobre nós

Tudo sobre nós

 

Olha só, olha só, ‘tá tudo novo aqui

Agora só tens outra forma de viver em mim

Abraçar-te faz-me falta, só me abraças tu

Estamos numa pegada, estás presente em tudo

 

Eu não olho pró céu, tu ‘tás cá dentro

Choro mas sei que isto está tudo certo

E se a calma não chega, tu chegas pra me acalmar

 

Então vai, que eu tenho tanto para aprender contigo

E temos tanto para fazer depois

Já não sinto um vazio, sempre fomos um e dois

 

Será que és tu que me sussurra num vazio bem fundo?

E me aconchega no frio do inverno enquanto durmo

Vem comigo, eu sei que ainda estás na minha voz

Eu vou contar-te as novidades, tudo sobre nós

 

Tudo sobre nós

Tudo sobre nós

Tudo sobre nós

 

Era tão bom quando chegava e te via

Mesmo não te tendo na vida, tu ‘tás tanto na minha, pois é

Os primos sentem que ‘tás num espaço teu

E acho graça a essa conversa dum pedaço de céu

Nena

 

Deitados nas telhas ficamos a sentir zumbidos

Das abelhas pelas vinhas, nespereiras e figos

Sinto-te cá na essência e no carácter dos meus modos

Presente todos os dias porque nos uniste a todos

 

A paz que faz sentir ouvir os pratos na cozinha

Podes crer que ainda os oiço, a vida ganha magia

Enquanto ela me soprar tu vais viver aqui

Podes crer que os meus filhos vão ouvir falar de ti

 

Será que és tu que me sussurra num vazio bem fundo?

E me aconchega no frio do inverno enquanto durmo

Vem comigo, eu sei que ainda estás na minha voz

Eu vou contar-te as novidades, tudo sobre nós

 

Tudo sobre nós

Tudo sobre nós

Tudo sobre nós

Tudo sobre nós

Tudo sobre nós

Tudo sobre nós

Tudo sobre nós

Tudo sobre

 

 

11) Vida de Estrada – Diabo na Cruz

Autor: Jorge Cruz e Sérgio Pires

 

Siga em fila vai

Nove emprego cinco sai

Quinto império do atalho

Bomba, escola, pão, talho

 

Trívia, televisão

Aurora do quadrilião

No ar um cheiro a esturro

Bom pró esperto, mau pró burro

 

Perto, tão perto do oásis no deserto

Longe, tão longe de ir lá hoje

Mora, demora

O que é bom nunca é pra agora

Quem me dera ir daqui pra fora

 

Trânsito no Jamor

A ouvir notícias do terror

Troika, bolha imobiliária

É cara a vida e a pensão precária

 

Água, cabo, net

Luz, ginásio, yoga, creche

IUC, IMI, IRS

Paga paga, esquece esquece

 

Fraco tão fraco o Sol neste buraco

Boa, tão boa a vida boa

Mora, demora

O que é bom nunca é pra agora

Quem me dera ir daqui pra fora

 

Mergulhar, mãos no volante e adiante

Pra qualquer lugar

Vidro aberto, rádio alto, no asfalto

Sem me apoquentar

Saborear o mar, as serras

Cobrir-me de pó e geada

Roer o osso desta terra

Na vida de estrada

 

Sismo no Japão

Zara, nova coleção

Espionagem, guerra, muda o tema

Woody Allen no cinema

 

Zapping e jornal

Série e logo futebol

O vizinho num concurso

A fazer figura de urso

 

Chato, tão chato papar grupo barato

Oco, tão oco o circo louco

Mora, demora

O que é bom nunca é pra agora

Quem me dera ir daqui pra fora

 

Mergulhar, mãos no volante e adiante

Pra qualquer lugar

Vidro aberto, rádio alto, no asfalto

Sem me apoquentar

Saborear o mar, as serras

Cobrir-me de pó e geada

Roer o osso desta terra

Na vida de estrada

 

Onde não há prazos nem obrigações

Não há debates nem euromilhões

Onde o Sol eleva e a frescura acata

Sem consulta ao homeopata

 

Onde a cura é sem vacina

E a cardina é sem pesar

Por lagoas e colinas

Vê-se a lágrima a secar

 

Dá o vento na cara

E nada nos para

Nada nos para

 

Perto, tão perto do oásis no deserto

Longe, tão longe de ir lá hoje

Mora, demora

O que é bom nunca é pra agora

Quem me dera ir

Quem me dera ir daqui

Quem me dera ir daqui pra fora

 

Mergulhar, mãos no volante e adiante

Pra qualquer lugar

Vidro aberto, rádio alto, no asfalto

Sem me apoquentar

Saborear o mar, as serras

Cobrir-me de pó e geada

Roer o osso desta terra

Na vida de estrada

 

 

12) Os teus passos – Benjamin

Autor: Luís Nunes

 

Quando os teus passos andam para trás

Eu não vivo mais

Nem te sei de cor

Nem te sei de cor

 

Levo a cabeça ao peito

E os restos mortais

Já não sou de ferro

Já não sou demais

Como achava ontem

 

Quando os teus passos andam para trás

Eu não vivo mais

Nem te sei de cor

Nem te sei de cor

 

Levas a arma às costas

E o saco de pedras

Deitas a carga fora

E o coração às feras

 

Quando os teus passos andam para trás

Eu não vivo mais

Nem te sei de cor

Nem te sei de cor

 

Lavas as mãos do fogo

Que deixaste na estrada

Eu tinha sangue novo

E não sobrou nada

 

Quando os teus passos andam para trás

Eu não vivo mais

Nem te sei de cor

Nem te sei de cor

 

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