Programa 15: As Canções de Sempre (Letras)
publicado em 28/03/2020
Acima, a Chamada para o Programa 15.
1) Grândola Vila Morena – Zeca Afonso
Autor: Zeca Afonso
Grândola, vila morena
Terra da fraternidade
O povo é quem mais ordena
Dentro de ti, ó cidade
Dentro de ti, ó cidade
O povo é quem mais ordena
Terra da fraternidade
Grândola, vila morena
Em cada esquina um amigo
Em cada rosto igualdade
Grândola, vila morena
Terra da fraternidade
Terra da fraternidade
Grândola, vila morena
Em cada rosto igualdade
O povo é quem mais ordena
À sombra duma azinheira
Que já não sabia a idade
Jurei ter por companheira
Grândola a tua vontade
Grândola a tua vontade
Jurei ter por companheira
À sombra duma azinheira
Que já não sabia a idade
2) E depois do adeus – Paulo de Carvalho
Autores: José Niza e José Calvário
Quis saber quem sou
O que faço aqui
Quem me abandonou
De quem me esqueci
Perguntei por mim
Quis saber de nós
Mas o mar
Não me traz
Tua voz
Em silêncio, amor
Em tristeza e fim
Eu te sinto, em flor
Eu te sofro, em mim
Eu te lembro, assim
Partir é morrer
Como amar
É ganhar
E perder
Tu vieste em flor
Eu te desfolhei
Tu te deste em amor
Eu nada te dei
Em teu corpo, amor
Eu adormeci
Morri nele
E ao morrer
Renasci
E depois do amor
E depois de nós
O dizer adeus
O ficarmos sós
Teu lugar a mais
Tua ausência em mim
Tua paz
Que perdi
Minha dor que aprendi
De novo vieste em flor
Te desfolhei
E depois do amor
E depois de nós
O adeus
O ficarmos sós
3) Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades – José Mário Branco
Autores: Luís de Camões; José Mário Branco
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades
Muda-se o ser, muda-se a confiança
Todo o mundo é composto de mudança
Tomando sempre, tomando sempre
Novas qualidades
E se todo o mundo é composto de mudança
Troquemos-lhes as voltas que ainda o dia é uma criança
Continuamente vemos novidades
Diferentes em tudo da esperança
Do mal ficam as mágoas na lembrança
E do bem, e do bem se algum houve, as saudades
Mas se todo o mundo é composto de mudança
Troquemos-lhes as voltas que ainda o dia é uma criança
O tempo cobre o chão de verde manto
Que já coberto foi de neve fria
E em mim converte em choro o doce canto
E em mim converte em choro o doce canto
Mas se todo o mundo é composto de mudança
Troquemos-lhes as voltas que ainda o dia é uma criança
E, afora este mudar-se cada dia
Outra mudança faz de mor espanto
Que não se muda já como soía
Que não se muda, que não se muda já como soía
Mas se todo o mundo é composto de mudança
Troquemos-lhes as voltas que ainda o dia é uma criança
4) Canção de embalar – Zeca Afonso
Autor: Zeca Afonso
Dorme meu menino a estrela d'alva
Já a procurei e não a vi
Se ela não vier de madrugada
Outra que eu souber será p'ra ti
Outra que eu souber na noite escura
Sobre o teu sorriso de encantar
Ouvirás cantando nas alturas
Trovas e cantigas de embalar
Trovas e cantigas muito belas
Afina a garganta meu cantor
Quando a luz se apaga nas janelas
Perde a estrela d'alva o seu fulgor
Perde a estrela d'alva pequenina
Se outra não vier para a render
Dorme qu'inda a noite é uma menina
Deixa-a vir também adormecer
5) Desfolhada Portuguesa – Simone de Oliveira
Autor: Ary dos Santos
Corpo de linho
Lábios de mosto
Meu corpo lindo
Meu fogo posto.
Eira de milho
Luar de Agosto
Quem faz um filho
Fá-lo por gosto.
É milho-rei
Milho vermelho
Cravo de carne
Bago de amor
Filho de um rei
Que sendo velho
Volta a nascer
Quando há calor.
Minha palavra dita à luz do sol nascente
Meu madrigal de madrugada
Amor amor amor amor amor presente
Em cada espiga desfolhada.
Minha raiz de pinho verde
Meu céu azul tocando a serra
Oh minha mágoa e minha sede
Oh mar ao sul da minha terra.
É trigo loiro
é além tejo
O meu país
Neste momento
O sol o queima
O vento o beija
Seara louca em movimento.
Minha palavra dita à luz do sol nascente
Meu madrigal de madrugada
Amor amor amor amor amor presente
Em cada espiga desfolhada.
Olhos de amêndoa
Cisterna escura
Onde se alpendra
A desventura.
Moira escondida
Moira encantada
Lenda perdida
Lenda encontrada.
Oh minha terra
Minha aventura
Casca de noz
Desamparada.
Oh minha terra
Minha lonjura
Por mim perdida
Por mim achada.
6) Pedra filosofal – Manuel Freire
Autores: António Gedeão; Manuel Freire
Eles não sabem que o sonho
É uma constante da vida
Tão concreta e definida
Como outra coisa qualquer
Como esta pedra cinzenta
Em que me sento e descanso
Como este ribeiro manso
Em serenos sobressaltos
Como estes pinheiros altos
Que em verde e oiro se agitam
Como estas aves que gritam
Em bebedeiras de azul
Eles não sabem que o sonho
É vinho, é espuma, é fermento
Bichinho a lacre e sedento
De focinho pontiagudo
No perpétuo movimento
Eles não sabem que o sonho
É tela, é cor, é pincel
Base, fuste ou capitel
Arco em ogiva, vitral,
Pináculo de catedral,
Contraponto, sinfonia,
Máscara grega, magia,
Que é retorta de alquimista
Mapa do mundo distante
Rosa dos ventos, infante
Caravela quinhentista
Que é cabo da boa esperança
Ouro, canela, marfim
Florete de espadachim
Bastidor, passo de dança
Columbina e arlequim
Passarola voadora
Para-raios, locomotiva
Barco de proa festiva
Alto forno, geradora
Cisão do átomo, radar
Ultrassom, televisão
Desembarque em foguetão
Na superfície lunar
Eles não sabem nem sonham
Que o sonho comanda a vida
E que sempre que o homem sonha
O mundo pula e avança
Como bola colorida
Entre as mãos de uma criança
(La la la ra la ra ra )
7) Menina estás à janela – Vitorino
Autor: Vitorino e Música Popular Portuguesa
Menina estás à janela
Com o teu cabelo à lua
Não me vou daqui embora
Sem levar uma prenda tua
Sem levar uma prenda tua
Sem levar uma prenda dela
Com o teu cabelo à lua
Menina estás à janela
Os olhos requerem olhos
E os corações corações
E os meus requerem os teus
Em todas as ocasiões
Menina estás à janela
Com o teu cabelo à lua
Não me vou daqui embora
Sem levar uma prenda tua
Sem levar uma prenda tua
Sem levar uma prenda dela
Com o teu cabelo à lua
Menina estás à janela
8) Tourada – Fernando Tordo
Autores: Ary dos Santos; Fernando Tordo
Não importa Sol ou sombra
Camarotes ou barreiras
Toureamos ombro a ombro
As feras
Ninguém nos leva ao engano
Toureamos mano a mano
Só nos podem causar dano
Espera
Entram guizos chocas e capotes
E mantilhas pretas
Entram espadas chifres e derrotes
E alguns poetas
Entram bravos cravos e dichotes
Porque tudo o mais
São tretas
Entram vacas depois dos forcados
Que não pegam nada
Soam brados e olés dos nabos
Que não pagam nada
E só ficam os peões de brega
Cuja profissão
Não pega
Com bandarilhas de esperança
Afugentamos a fera
Estamos na praça
Da Primavera
Nós vamos pegar o mundo
Pelos cornos da desgraça
E fazermos da tristeza
Graça
Entram velhas doidas e turistas
Entram excursões
Entram benefícios e cronistas
Entram aldrabões
Entram marialvas e coristas
Entram galifões
De crista
Entram cavaleiros à garupa
Do seu heroísmo
Entra aquela música maluca
Do passodoblismo
Entra a aficionada e a caduca
Mais o snobismo
E cismo
Entram empresários moralistas
Entram frustrações
Entram antiquários e fadistas
E contradições
E entra muito dólar muita gente
Que dá lucro aos milhões
E diz o inteligente
Que acabaram as canções
9) Vinte anos (Vem viver a vida, amor) – José Cid
Autor: José Cid
Vem viver a vida, amor
Que o tempo que passou não volta não
Sonhos que o tempo apagou
Mas para nós ficou esta canção
Há muito muito tempo, eras tu uma criança
Que brincava no baloiço e ao pião
Tinhas tranças pretas e caçavas borboletas
Como quem corria atrás de uma ilusão
Há muito, muito tempo era eu outra criança
Que te amava ternamente sem saber
Vínhamos da escola e oferecia-te uma flor
Que tu punhas no cabelo a sorrir
Vem viver a vida, amor
Que o tempo que passou não volta não
Sonhos que o tempo apagou
Mas para nós ficou esta canção
Vinte anos mais tarde, encontrei-te por acaso
Numa rua da cidade onde moravas
Ficamos parados e olhamo-nos sorrindo
Como quem se vê ao espelho pla manhã
Dei-te o meu telefone, convidei-te pra jantar
Adoraste ver a minha colecção
Pelo tempo fora continuamos unidos
E cantamos tanta vez esta canção
Vem viver a vida, amor
Que o tempo que passou não volta não
Sonhos que o tempo apagou
Mas para nós ficou esta canção
Daqui a vinte anos, quando tu já fores velhinha
Talvez eu já não exista pra te ver
Ficas á lareira a fazer a tua renda
Mas que importa se recordar é viver
10) Amar pelos dois – Salvador Sobral
Autora: Luísa Sobral
Se um dia alguém, perguntar por mim
Diz que vivi para te amar
Antes de ti, só existi
Cansado e sem nada para dar
Meu bem, ouve as minhas preces
Peço que regresses, que me voltes a querer
Eu sei, que não se ama sozinho
Talvez devagarinho, possas voltar a aprender
Meu bem, ouve as minhas preces
Peço que regresses, que me voltes a querer
Eu sei, que não se ama sozinho
Talvez devagarinho, possas voltar a aprender
Se o teu coração não quiser ceder
Não ter paixão, não quiser sofrer
Sem fazer planos do que virá depois
O meu coração, pode amar pelos dois
11) Pulga saltitante – Júlio Pereira
Instrumental
12) Verdes anos – Carlos Paredes
Instrumental